Casarões e Prédios Abandonados

Depois de ver tantos prédios preservados em Milão, uma cidade que soube conservar seus bairros, sua história, riquíssima em museus,prédios e teatros. Eu me admiro em constatar que aqui no Brasil os casarões são completamente abandonados. Estava eu passeando pelos bairros em Milão e eis que encontrei estas colunas coríntias do século II que se elevam diante da Basílica San Lorenzo Maggiore e datam da origem da construção (século IV). Entendo que o nosso país é novo perto da Europa, mas a diferença é enorme.

No centro histórico da cidade, o Duomo simboliza 600 anos de história e de arte! Tudo lá é preservado. É normal que os prédios realizem “retrofit” (reforma) com toda tecnologia possível.

Aqui no Brasil é uma decepção. São tantos prédios abandonados. É triste ver a nossa história se deteriorando.

No Rio de Janeiro, nossos casarões históricos completam 30 anos de preservação. A primeira Área de Proteção do Ambiente Cultural (APAC) da cidade foi o chamado “Corredor Cultural”, porque foi no Centro da cidade que estas residências se expandiram. Há um regulamento de lei, de 1984, que inovou ao preservar um conjunto arquitetônico de 1.600 imóveis (que não podem ser modificados) e colocar sob tutela (ou seja, qualquer mudança precisa ter autorização prévia) 1.400, nos arredores da Lapa e das praças Quinze, da República e Tiradentes. Três décadas depois, o desafio agora é levar vitalidade a essa área de 1,3 milhão de metros quadrados, onde o fervilhar dos dias úteis contrasta com o esvaziamento dos fins de semana. Hoje, os imóveis conservados do Corredor Cultural já têm isenção de IPTU. O casario, que sente o peso dos anos, é alvo de outra iniciativa de revitalização: o investimento na restauração. O grande desafio atual da APAC é convencer os proprietários de que os prédios devem ser restaurados e podem, sim, ter ocupação mista, com o comércio convivendo com moradias.

A Prefeitura do Rio procura resolver esses problemas, porém a situação de algumas delas é caótica, o que dá uma sensação de impotência, de abandono.Por que seus proprietários deixam naquele estado de total abandono?

O que acontece? A Prefeitura aciona o proprietário, mas eles não dão retorno, não devem ter recursos. Por esses motivos, vários imóveis são escorados com perfis metálicos para que pelo menos a fachada fique preservada.

Os motivos desse abandono são vários: o proprietário já morreu, há litigio com herdeiros, falta de pagamento de IPTU, não tem como comprovar através de RGI (Registro Geral de Imóveis) a titularidade, enfim, são inúmeros os impedimentos.

Vou resumir qual a diferença entre um imóvel tombado e um preservado.

Tombamento é um ato administrativo federal, estadual ou municipal, cuja finalidade é proteger bens de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e também de valor afetivo para a população, impedindo que venham a ser destruídos ou descaracterizados.

Bem-Preservado

Quando pertence a um conjunto arquitetônico cujas características representem a identidade cultural de um bairro, localidade ou entorno de um bem tombado. Nesse caso, são mantidos fachadas, telhados e volumetria. São permitidas modificações internas, desde que se integrem aos elementos arquitetônicos preservados.

O objetivo é preservar a ambiência urbana, o que deveria ter sido feito com o Palácio Monroe – RJ. Os esforços pela não derrubada do Monroe foram em vão, muitos tiveram um exaustivo trabalho que foi completamente ignorado, para a tristeza de muitos cariocas que viram ruir um pedaço da história da cidade e da história do Brasil.

Quando há interesse em desembaraçar a documentação, se faz a reforma. Agora, com a especulação imobiliária, áreas degradas podem se transformar em prédios corporativos, como foi o caso da Villa Aymoré, na Glória, onde houve o evento Casa Cor, no ano passado. No local, onde antes só havia praticamente a fachada e partes do interior, via-se mato e algumas ocupações. Depois do projeto, surgiram escritórios.

Há outros imóveis das primeiras décadas do século passado pelo Rio que poderiam ser transformados em residenciais ou comerciais.

A Prefeitura informa que existem em torno de 10 mil casarões abandonados ou subutilizados na AP1 (Centro, São Cristóvão, Santo Cristo, Saúde e Gamboa), ou seja, o centro antigo do Rio.
Alguns comerciantes com visão já estão há mais de 10 anos ocupando esta área que antes ninguém valorizava. A cidade cresceu em direção à Barra, e toda Zona Oeste, a AP5, e foram deixando o Centro da cidade esquecido.

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