Divisões de paredes são feitas para nos dar privacidade, coisa que não se tinha antigamente, as casas eram como uma grande taba, onde tudo era junto e misturado. Com o passar dos séculos fomos adquirindo mais itens que são o reflexo e a expressão do nosso tempo, no começo só haviam cadeiras distribuídas em uma única sala. Quanto mais cadeiras houvessem, mais rica o dono assim seria, além de haver sempre uma fogueira nesta sala, estranho seria hoje porém, estou falando nas priscas eras do final do século 13 para o 14.
Todos habitavam num único espaço, inclusive com animais e, não necessariamente eles eram parentes, moravam os artesãos juntos com os mestres num grande salão. O povo se sentava ao redor da lareira, e assim iam vivendo, diferente de hoje que primamos pelo conforto.
As modificações foram acontecendo e somente no século 18, a partir da era industrial, os senhores passaram a ter suas casas separadas dos serviçais e permitindo somente morar junto as pessoas de parentesco próximo, efetivamente “a família”.
Depois da Segunda Guerra Mundial, com a cultura norte-americana se tornando referência de sociedade moderna, a casa se tornou um bem. Ou seja ter uma casa era de um grande significado. A partir desta situação ela foi dividida em funções específicas, (social, íntima e serviços) assim vivia a classe média.
A sala, área de prestígio, situa-se na parte nobre da casa, geralmente na parte da frente. Banheiros, cozinhas e áreas de serviços ficaram relegados aos fundos. E os quartos, compondo a área íntima da casa, deveriam ficar longe dos olhares do povo. Já os pobres, não tinham privacidade, os ambientes eram pequenos, lotados de espaços sem ventilação e iluminação natural.
Foi nesta época que veio à tona a especulação imobiliária, durante os processos de renovações urbanas nos grandes centros, as terras passaram a se valorizar. Quem não tinham condições de morar próximo ao seu trabalho foi se acomodando em casas toscas e este foi o começo dos cortiços e as casas nos morros foram se criando, adensando e virando favelas nas periferias.
Lá nas residências dos mais abonados as quantidades de banheiros foram se multiplicando, tudo para mostrar o poder e o status de cada família. Ainda hoje se pergunta assim quantos banheiros tem na sua casa? O da empregada, o lavabo, o banheiro de cada quarto, e ia por aí! Caramba!, que fascínio por banheiros, isto significa que aquela familia era abonada.
Falácia das previsões do século 21, teremos um mundo sem casas, só condomínios verticais, casas minimalistas com menos objetos, manias de que o menos é mais, se vamos consumir menos, então onde vai parar o nosso dinheiro? Será que teremos compartimentos nas casas para esconder o dinheiro?
E o gosto se discute ?
O gosto se desenvolve pela exposição dos 5 sentidos, nós colocamos eles expostos aos estímulos, estamos sendo educados pela exposição a tudo que acontece de fora para dentro, o que nós vemos na rua por exemplo, vejam só os grafites que saíram dos espaços públicos para dentro de casa, certo? Outro exemplo, os próximos tons do ano irão ser definidos pelas especulações das ruas, de desfiles, as tendências vem de fora, e depois para dentro do nosso morar.
Quais são os novos comportamentos que provocam as mudanças?
Hoje, o morar é mais humanizado, antigamente a mãe dizia: Sai daqui menino porque a cozinha não é o seu lugar, agora tudo mudou, os ambientes das casas se tornaram mais humanizados e a cozinha passa a ser um ambiente que todo mundo adora ficar.
As pessoas curtem conviverem juntas, vivenciando um pouco mais, não tem muito mais medo em errar cores e acabamentos e, desta maneira a casa se torna um pouco mais divertida.
As casas eram muito padronizadas, e hoje estão cada vez são mais personalizadas, recebendo influencias de todos os lados, muito da internet, de arquitetos e de designers.
Montamos uma residência que mostra como a pessoa é, eu acho que a casa tem que ter a cara da pessoa e graças a Deus as famílias são agora muito mais tolerantes às reformas, sabe quando naquela reunião de amigos o sujeito fala assim, nossa gente que máximo estou fazendo uma reforma na minha casa que está ficando o máximo !!! É sofrido? É, mas eu estou amando o meu apê novinho.
Como era antigamente? Bem eu me lembro que na casa da minha mãe era assim:
Olha não mexe aí menina, você nem sabe tocar piano, ainda vai arranhar o piano da sua avó e desafinar, você se esqueceu que ele veio de Portugal?
Para surpresa dos convidados aquele piano era quase um ser extraterreste, ninguém encostava nele, e muito menos tocava ele ficava lá imóvel.
Cada vez mais temos espaços menores, apê e studio com 25,00 m2 ou menos, porque agora você mora só e para que maior ??
Hoje você é responsável pela sua casa, se o ralo entupiu, se o teto mofou, não tem mais ninguém para te ajudar, simples assim. Hoje nossos clientes são casais homo afetivos, o filho deles é um pet, outras famílias são formadas por vários filhos de outros pais e mães, e assim vamos observando este novo formato familiar, tem a inclusão racial, a homo-afetividade, a acessibilidade, a terceira idade e suas questões orgânicas, tem a invasão do co-working, espaços compartilhados, com muitos espaços anexados de bares, pizzarias, salas de ginasticas, de festas, saunas, estéticas, viver em containers, os conceitos são novíssimos.
Época de transformação dos sentidos, as mudanças vem a galopes. Os espaços estão muito mais responsivos. Ambientes são mais sustentáveis e respondem melhor as nossas necessidades orgânicas.
Nossa mãe natureza está sacudindo a terra, e o povo que nela habita, então não ande por aí no mundo da lua.