Como a gente se encontra quando se perde…
É claro que as cidades atrativas como Paris, Milão e Nova Iorque atraem milhões de turistas e oferecem mais zilhões de atividades e novidades!
Estive em visita a uma cidade do eixo Rio-São Paulo chamada Cunha.. Alguns engraçadinhos começariam este texto fazendo poesias para rimar o nome curioso, mas eu, não.
Fui com meu marido, que é chef de cozinha, passar um fim de semana e conhecer um fornecedor de lavandas, ingrediente que ele pretende usar em preparações e temperos. Traz um frescor delicioso!
A cidade tem 26 mil habitantes. Não tem coreto. Nem Lojas Americanas. E nem Banco Bradesco! Tem padarias: a do Zé, do Adilson, do Tonho. Tem 2 postos de gasolina. Mas um só com conveniência. Tem passeio a cavalo, quando você encontra alguém para atendê-lo no local. A cidade parecia fantasma. Chegamos pós-carnaval e a explicação que ouvimos foi a de que os turistas já haviam ido embora. Então, os moradores tiram férias! Oi??
Na verdade, tem a prefeitura, a rodoviária e o Centro Histórico, tudo no mesmo local.
Tem ar puro, montanhas, muitas trilhas, nascentes e cachoeiras. Tem criatório de trutas. Oficina de lã. Queijo de cabra, delicioso, aliás…
Mas a vida em Cunha acontece na Zona Rural. Todos os lugares são a partir da estrada. “Pega a estrada “prás dereita” e entra no quilômetro tal, vai pela estrada de terra até chegar”. Isso serve para ir às duas plantações de lavandas: o Lavandário e o Contemplário, que, aliás, tem um deck sob um pé de Jacarandá que eu poderia morar! O silêncio, a vista e a energia nos levam a um lugar onde deveríamos ir mais vezes: para dentro de nós mesmos!
As estradinhas servem também para ir à cervejaria, onde acontece a Oktoberfest
Um lugar no meio do mato, com uma vista de colinas abundantes e verdes, abraçada por um galpão de vidro com mesas de madeira como nas antigas tabernas inglesas.
Falando em taberna, tem um restaurante chamado La Taverne. Especialidade da casa? Cogumelos! Basicamente, shitake e shimeji. Menu extremamente bem-elaborado. E neste restaurante, tudo, absolutamente tudo, tem cogumelos. Não, não vi chá! Chá de cogumelo não tinha…
Há uma produção de shitakes na região. Para quem gosta da iguaria, não pode deixar de visitar.
Ambos no caminho da estrada de terra. Em outra estrada, que desembocava na rodovia, outro restaurante nos surpreendeu: “Raízes Bistrô”, de um casal jovem, que morou por 9 anos na Europa, permanecendo a maior parte do tempo estudando gastronomia na Itália. Uma cozinha dentro de um gazebo de tijolos, com apenas 3 mesas do lado de fora, para 12 lugares. Ao lado de um lago, no meio do mato, com muitas árvores frutíferas e plantações de hortelã, manjericão, alecrim, boldo, entre outras ervas aromáticas que conferiam um aroma todo especial ao local. No meio dos clientes, a vira-lata Malu e seu amigo sapo, que morava sob o móvel que abrigava os vinhos. Será que ele bebia ou buscava o ar-condicionado?
O menu degustação de 8 pratos trazia carne e peixe em variações italianas bem gostosinhas, e acredito que o cenário pitoresco contribui fortemente para uma experiência única.
E para chegar até lá? Rod. Cunha-Paraty – SP 171, Km 51,3 (+ 2,4km de estrada não pavimentada), em Roseira, área rural. Pega essa estrada de terra e vai! Vai…segue sempre em frente… vai… continua… continua como se não houvesse amanhã !!!! E, quando você pensar em desistir e voltar…vem a plaquinha com a flechinha “Raízes”. Aí, então, você segue na estradinha…abre uma porteira e segue… vai em frente…até que a rua acaba e o restaurante surge entre as árvores, todo mimoso. A chef Rosinha vem receber na porta e orienta onde e como estacionar o seu carro.
Cunha também está rodeada de ateliers de cerâmica. Muitos se espalham pela região com seus estilos modernos, antigos, lindos, cafonas, decorados, lisos e para todos os gostos, cores, tamanhos e preços. Passei por vários e elegi dois mimos que foram os meus preferidos: “Lei” e “Gallery Tokai”.
http://www.oficinadeceramica.com/
http://gallerytokai.blogspot.com.br/
Gente, fora tudo isso, ainda tem o festival do pinhão. Pra quem ama, como eu, é em abril e vale visitar a região. Cheia de encantos mil!!!!
Optamos por nos hospedar num chalezinho bem-localizado, (ficamos no Recanto das Girafas) simples e com excelente café da manhã feito pela Jane. O pastor alemão Fred posava para fotos. A temperatura nesta época do ano é assim: de dia, sol e calor, e à noite um friozinho que dispensa ar-condicionado. Ainda melhor se você tiver um “cobertor de orelha”!!!
Cunha é imperdível, lá você terá sempre o que desbravar, todo o tempo.
Abaixo, o calendário de eventos para você programar seu próximo fim de semana:
Fevereiro: Carnaval de rua
Março: Festa São José da Boa Vista
Abril: Aniversário da cidade e Cavalaria da Festa de São Benedito
Junho: Festas juninas
Julho: Festival de Inverno – Comemoração da Revolução de 1932 e Festa do Divino
Agosto / Setembro: Festa do Peão Valente e, nesse ano, no dia 18, acontece a etapa do Tour de France
Dezembro: Festa da Padroeira
E então, mais uma vez, a vida mostra que quando a gente se perde e deixa de tentar controlar tudo, recebemos de presente um mergulho dentro do nosso coração, o lugar mais sagrado do mundo!
Conheço bem esta cidade é encantadora.
Você deve conhecer o Parque Floral das Lavandas em Gramado – RS você irá se surpreender.